Como é possível elaborar estruturas que comuniquem uma experiência singular e irrepetivel? Segundo Villem Flusser esse é o problema fundamental da arte, posto que compreende uma oposição entre a experiência singular do artista e a comunicação dessa experiência. Entretanto, trata-se segundo ele, de um falso paradoxo, de fazer da comunicação da arte uma representação do que não pode ser representado. Sua função, entretanto, seria de oferecer novas formas a um conteúdo que é estritamente particular.

O artista não está interessado em comunicar sua experiência singular, mas sim, propor novas formas para a experiência futura, enriquecendo assim a realidade, aumentando nossa informação sobre ela e por isso transvalorizando nossa compreensão do mundo. O belo portanto, seria a novidade de uma forma nova, ou até mesmo, de um modelo historicamente antigo que ainda não encontrou seu esgotamento na afirmação de novos paradigmas de comunicação da experiência singular do artista. Enquanto vigência do novo, a beleza é perigosa, terrível, na expressão de Flusser, pois derruba toda a arte anterior justificada em valores. É nesse aspecto que a arte é revolucionária.

A arte enquanto expressão de uma experiência singular e imediata, enquanto vivência, é comum a todos os homens e antecede qualquer juízo, seja da filosofia, da ciência ou da política. E portanto, não deve ser refém de nenhuma dessas categorias. Sendo assim, todo homem é um artista, simplesmente por existir. Contudo, deve-se distinguir o belo do agradável. A beleza expressa o novo da experiência singular do artista e está por isso isenta de julgamento, de uma compreensão. E sendo assim, constitui o terrível e o revolucionário. O agradável por outro lado, constitui a arte estabelecida numa compreensão, numa tradição, numa cultura. Constitui o antigo. A arte já em esgotamento. E por isso mesmo, massificada, hoje, principalmente por intermédio dos meios de comunicação.

Bibliografia

FLUSSER. Villem. A Arte: O Belo e o Agradável. In IANNINI. Gilson. “Artefilosofia”. Ed. Civilização Brasileira. 2015. Págs. 42-46.

Imagem. Pintura de Roberto Ferri. In http://academiadevenus.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html

Roberto-Ferri

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